"Natalia:
Amiga de rara beleza,
Espírito indomável e mítico,
Por vezes enigmática,
Outras, um livro aberto,
Compleição dócil, exótica -
Teu sorriso é o oceano revolto
Apaziguando os que te rodeiam.
É transmutação e idílio, bonança,
Prenúncio felicidade plena,
Estio e primavera em broto.
Talento gerado ainda no ventre -
A filha do poeta andarilho,
Clara como a lua de inverno,
Esfuziante como o sol a pino!
Fala suave, espontânea,
Sem pudores exacerbados!
Agora, cá estou, silente e índica,
Sorvendo a última réstia de sol,
Agradecendo a Deus por este vínculo,
Sim, a amizade que sempre busquei existe!
E tu és a fonte de tal alegria súbita!
Melhor amiga, companheira de lirismo,
A métrica não nos configura,
E é melhor que assim seja:
Livres como o próprio espírito,
Humanas, sem limitações,
Fiéis a nossos princípios -
Desabafos, madrugadas insones,
Música, empatia, afinidade plena
E esta ânsia de viver intensamente".
(Flavia Lopes - Natalia)
Amiga de rara beleza,
Espírito indomável e mítico,
Por vezes enigmática,
Outras, um livro aberto,
Compleição dócil, exótica -
Teu sorriso é o oceano revolto
Apaziguando os que te rodeiam.
É transmutação e idílio, bonança,
Prenúncio felicidade plena,
Estio e primavera em broto.
Talento gerado ainda no ventre -
A filha do poeta andarilho,
Clara como a lua de inverno,
Esfuziante como o sol a pino!
Fala suave, espontânea,
Sem pudores exacerbados!
Agora, cá estou, silente e índica,
Sorvendo a última réstia de sol,
Agradecendo a Deus por este vínculo,
Sim, a amizade que sempre busquei existe!
E tu és a fonte de tal alegria súbita!
Melhor amiga, companheira de lirismo,
A métrica não nos configura,
E é melhor que assim seja:
Livres como o próprio espírito,
Humanas, sem limitações,
Fiéis a nossos princípios -
Desabafos, madrugadas insones,
Música, empatia, afinidade plena
E esta ânsia de viver intensamente".
(Flavia Lopes - Natalia)
Escrevo com os olhos cheios d'água, porque vou falar das duas pessoas que amo e que não se encontram mais neste plano. Tão longe e tão próximos: Marcus Bemfeito, meu pai, e Flavia Lopes, minha amiga tão preciosa. Por mais que acredite e busque conforno na reencarnação, as aparentes perdas dessa vida são dificílimas. No entanto, é bom encará-las, ajuda.
Meu pai também era poeta, desencarnou quando eu completara seis anos de idade. Por isso a Flavinha me chamou de "filha do poeta andarilho". Como ela pôde, sem conhecê-lo, descrevê-lo tão bem? Ele adorava viajar, acampar e escrever. As filhas, a família. Eram as paixões de sua vida, tão curta e tão intensa. Ele sabe o quanto o amo, e de onde me observa vê o quanto penso nele com tanto amor, com o coração partido, buscando me inspirar em seu exemplo de determinação, no legado que ele me deixou. Mais que tua filha, pai, sou parte sua.
Sem que eu mesmo saiba, muitas vezes as pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ele mais do que eu flagram afinidades. Fora a aparência e os olhos, que são inegavelmente idênticos, temos em comum a esíritualidade, o gosto musical (papai-metaleiro, olha que irado, rs), pelos estudos e pela poesia, a sensibilidade e a inquietação diante das desigualdades sociais.
Tenho muito orgulho de ser filha de um homem tão inteligente, bem-humorado, que durante sua breve estadia ao meu lado foi um paizão, muito carinhoso... Me olhava com tanto orgulho, como se eu fosse a pessoa mais importante da vida dele. Só ele, minha mãe e minhas irmãs me olharam assim, fazendo-me sentir tão especial com um singelo olhar.
Escrever sobre a Flavinha prá mim é árduo. É um pouco recente, mas me parece que foi ontem, pois ainda consigo visualizar nossos momentos em uma tela... As brincadeiras com meus afilhados-gatinhos, como éramos tão meninas por vezes e em outras mulheres aguerridas. Assistimos "Irmão-Urso" em inglês, nos enchendo de doces, da primeira vez que nos encontramos em sua casa, com aquele telhado tão abençoado, em que olhávamos o Cristo Redentor, a Lua e as estrelas, em meio aos nossos devaneios.
Por total incapacidade de falar da minha amiga poetisa favorita, que para mim é tão boa ou melhor que os renomados, deixarei um dos que ela chamava de "fiéis escudeiros" terminar minha homenagem a essa menina-mulher inesquecível. Ela, que como eu, parecia querer carregar em seus ombros tão frágeis não apenas todas as dores do mundo, mas também todos os gatinhos abandonados do mundo, rs, vista com todo o carinho e talento de seu melhor amigo, o Raph:
"Estaria tua beleza perdida, minha amiga?
Ou antes espalhada pelas telhas e parapeitos da madrugada
A bailar para a lua, e cantarolar para a noite?
Seriam os cânticos e miados que ouço despercebidamente
A prova de que nas cidades etéreas
Já estais com tua pena a escrever doces poemas?
E quanto a esses felinos maravilhosos?
A cor de seu pelo brilha ainda mais com a aurora,
Seus movimentos precisos lembram as passadas de Hermes,
E em verdade não há nesse mundo nada mais enigmático que seus olhos!
Será que, como a rainha egípcia,
Você também agora os cria em seu templo de amor?
Mesmo essa saudade, que arde como um corte ainda aberto
Não poderia ser amenizada pela lembrança
De que em cada moita, telhado ou degrau
Há pegadas de teus filhos tão amados?
Pois tudo que hoje almejo
É olhar bem profundo
No próximo par de olhos de gato que encontrar
E fitando-os, tentar achar a porta
Que leva as escadarias de tua torre, minha amiga
Pois que ainda sinto essa falta tão amarga
De nossas conversas, nossas brincadeiras
E de gatos a pular".
(Rafael Arrais - Olhos de Gato)
Ou antes espalhada pelas telhas e parapeitos da madrugada
A bailar para a lua, e cantarolar para a noite?
Seriam os cânticos e miados que ouço despercebidamente
A prova de que nas cidades etéreas
Já estais com tua pena a escrever doces poemas?
E quanto a esses felinos maravilhosos?
A cor de seu pelo brilha ainda mais com a aurora,
Seus movimentos precisos lembram as passadas de Hermes,
E em verdade não há nesse mundo nada mais enigmático que seus olhos!
Será que, como a rainha egípcia,
Você também agora os cria em seu templo de amor?
Mesmo essa saudade, que arde como um corte ainda aberto
Não poderia ser amenizada pela lembrança
De que em cada moita, telhado ou degrau
Há pegadas de teus filhos tão amados?
Pois tudo que hoje almejo
É olhar bem profundo
No próximo par de olhos de gato que encontrar
E fitando-os, tentar achar a porta
Que leva as escadarias de tua torre, minha amiga
Pois que ainda sinto essa falta tão amarga
De nossas conversas, nossas brincadeiras
E de gatos a pular".
(Rafael Arrais - Olhos de Gato)
"And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace (...)
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you".
When you lose something you can't replace (...)
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you".
(Coldplay - Fix You)
Oi Nath, fico feliz de saber que seu pai era poeta. Os poetas tem esse dom de deixar tanta saudade quando se vão, mas não deixa de ser saudade boa, por mais que doa, por mais que desague como chuva de verão.
ResponderExcluirMelhor amar e sentir isso tudo que casacas de sentimento não podem nos dizer do que se trata, do que nunca haver sequer amado.
Meu blog iniciou-se em homenagem a Flavinha, e até hoje está de pé. É sempre bom reencontrar as pessoas que conviveram com ela de alguma forma, para mim é sempre uma inspiração a mais.
Um beijo e boa sorte nos escritos!
raph
Notei que seu blog era uma merecida homenagem.
ResponderExcluirSua iniciativa de escrever sobre a Espiritualidade é excelente. Em meio a pessoas preconceituosas e materialistas é sempre bom escrevermos mais e mais sobre o tema.
Também gosto de ter contato com os amigos dela, afinal, somos amigos-por-tabela, ela falava de você o tempo todo... Rs, beijos, Natalia.
Tão plena de amor e humanidade. É bom estar nesse mundo contigo. Ivi.
ResponderExcluirNossa!!! Que emoção, Nath!
ResponderExcluirOlha...Em respeito a tanta presença de Espírito, deixo apenas um suspiro, não um comentário!
OBRIGADO!
Compreendo os seus sentimentos. Não abra mão deles. Saudade nada mais é do que o amor que fica. Não sinta pesar por perder, mas gratidão por ter convivido com pessoas tão especiais. E siga sempre em frente, enchendo de orgulho tanto os que se foram quanto os que ainda estão por aqui...
ResponderExcluirE obrigado por compartilhar seu amor e memórias conosco!
Amiga entendo a sua dor e sinto, sinto mesmo, não se limite por medo de falar nela, fale, ela é importante e a sua dor é saudade, e saudade a gente só sente do que realmente amou...
ResponderExcluirNat você é espiritualizada, busca isso o tempo, buscamos isso juntas e me faz feliz, por isso sabe que não é o fim, você a ajuda daqui o tempo todo, colocando o nome dela para prece e mentalizando positividade o tempo todo...acredite amiga, ela sabe e está feliz...
Fico muito feliz de ser a pessoa que mais te anima...conta comigo para tudo e para sempre!
Linda homenage...emocionante. Amei o seu blog> Abraços de luz! Carmem!
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