terça-feira, 22 de março de 2011

Selo de Qualidade! OBA!


Quem diria que eu ganharia um Selo de Qualidade, com textos tão despretensiosos! Adorei o presente, ainda mais por ter vindo do melhor contista que já conheci, cuja criatividade cada vez me impressiona mais!

Ao recebê-lo o próximo passo é postar o selo, responder às perguntas e repassá-lo para outros blogs que eu considere que mereçam e ainda não têm.

Perguntas


Nome: Natalia B.
Uma música: Coldplay, "Now My Feet Won't Touch The Ground", porque representa a realização de meus sonhos.
Humor: Metida a engraçadinha :P

Uma cor: Azul.
Estação: Primavera.
Como prefere viajar: De carro, apreciando a vista.
Um lugar: Trindade.
Um filme: São muitos os favoritos, mas amo "O Fabuloso destino de Amélie Poulain".
Um livro: As Brumas de Avalon, sem dúvida.

Um prazer: Ouvir o ronronar dos meus gatinhos, rs.
Um seriado: The Big Bang Theory
Time do coração: O Campeão Brasileiro: Neeeense!
Frase mais dita por você: "A palavra tem poder".
Porque tem um blog: Lua em Gêmeos, os Astros explicam. Necessidade de expressar-me, compartilhar meus pensamentos, e por vezes, purificar-me.

Sobre o que você escreve: Sobre o que me faz refletir.
Escreva a primeira coisa que vier a cabeça: O sagrado e o profano não se opõe, mas se completam na roda da vida, que gira incessantemente.
O que achou do selo: Sinto-me lisonjeada com o carinho!

Quem merece o selo de qualidade:

http://palavramento.blogspot.com/
http://fatoseficcao.blogspot.com/
http://devaneios-loucuras.blogspot.com/
http://www.ogirassolnaotomahaldol.blogspot.com/
http://conjuntoego.blogspot.com/
http://textosparareflexao.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de março de 2011

As fogueiras sagradas - Parte 02



Todos estávamos em volta da Fogueira. Podíamos sentir a Deusa e o Deus se unindo, a energia da fertilidade fluindo na terra... Beltane marcava o fim do verão e o início da primavera. O retorno do sol. Os antigos druidas enxergavam o sexo como a força da vida. As sacerdotisas entregavam sua virginidade ao Gamo-Rei, o galhudo, a personificação do Deus. Aprendiam que, quando celebravam Beltane entregando-se ao Deus, encarnavam a própria Deusa. Nesse momento, sentiam fluir a grande força da natureza, limpa e sem pecado, uma corrente de vida que as envolvia como um turbilhão.

Atualmente, talvez não possamos entender o significado da Primavera para este povo dos campos, que vivia do que a terra fornecia, sem as técnicas Agrícolas de que dispomos hoje. Pode parecer primitiva a celebração da fertilidade da terra com o sexo. Mas tudo depende do ponto de vista. O que seria mais profano, enxergar a união de um homem e uma mulher, como celebração aos seus Deuses pela chegada da vida e das colheitas, ou enxergar a fonte da vida como suja, como um grande pecado? Esse ponto de vista sim, parecia ofender aos Deuses e se contrapor à própria natureza.

No entanto, nosso coven não celebrava Beltane como os antigos... Tínhamos que nos adaptar a nossa época. Muito embora lembrássemos com carinho da liberdade daqueles tempos, representávamos a união da Deusa à seu consorte de outra forma. Alguns se perguntarão então porque estávamos nus no ritual. Apenas quem já se banhou nu na praia, numa cachoeira, é capaz de saber como é poderosa a sensação de ser parte do todo, sem amarras.

Diana sentia o suor provocado pelo calor da fogueira. Chegada a hora, reunidos em volta da fogueira, proclamamos:

"Encontramos-nos cheios do poder dos Deuses e agora vamos trabalhar a magia dos Fogos de Beltane, para trazer-nos sorte no próximo verão. Que os fogos purifiquem nossos corpos, mentes e espíritos, auxiliando-nos a cultivar a paixão e a mantermos sempre uma atitude positiva perante a vida."

Podiam sentir o quanto era sagrada a harmonia da natureza e dos quatro elementos. A terra parecia gritar. Continuaram:


"Assim como os antigos fizeram antes de nós, vamos agora fazer e assim os nossos descendentes também o farão. Reunimo-nos no Bosque Sagrado para celebrar o Festival de Beltane e dar boas-vindas ao verão, que se aproxima. A água como o fogo, regenera e revitaliza a nossa existência, aumentando o poder da vida e da criação, dando-nos prosperidade e abundância, curando o passado e abençoando-nos com o presente".

Uma grande alegria inundou seu coração... Diana entrou em transe, extasiada por inúmeras sensações. Sentia o amor da Deusa fluir dentro de si, em seu sangue. Ao lado da fogueira, havia um mastro, símbolo fálico da fertilidade. Entrelaçadas neles, várias fitas coloridas e brilhantes, simbolizando a união do masculino com o feminino. Dançariam alegremente músicas Celtas em torno dele, até o amanhecer. Antes, porém declararam solenemente:


"Mãe Terra, percebo o seu toque no vento
Provo o seu néctar no ar
Vejo seu fôlego na ondulação do mar
Sinto seu perfume nas árvores e no solo
Ouça a sua voz na pedra e na rocha
Acendo o fogo sagrado na vela e na tocha
Para as forças da natureza honrar
E as bênçãos da Mãe Terra celebrar!"
 

Todos sorriam, era um momento de muita alegria. Eram mais que irmãos, não havia julgamentos nem cobranças entre eles, apenas aceitação. Continuaram:

"Que a Voz do Fogo da Sabedoria,
Guie-nos no caminho da Verdade
Que a Voz do Poço da Inspiração
Guie-nos no caminho da Renovação
Que a Voz do Bosque Sagrado
Guie-nos nesse caminho abençoado."

E dançaram a madrugada toda, até a chegada do orvalho... As oferendas eram frutas vermelhas, cidra e flores. Comeram, gratos pelo que a mãe terra lhes fornecera. Sentiam a chegada da Primavera, do sol, e a união com os antigos. E sabiam que assim tinha sido em outras existências.

Terminado o ritual, Diana se arrumava para voltar para casa. E sempre refletia, após os Sabbaths: por que para ela tudo era tão natural e sagrado, e algumas pessoas conseguiam acordar e dormir sem se darem conta de que o universo todo trabalhava para nos garantir alimento e vida? Por que os Cristãos inventaram o demônio e o pecado, e acusavam a sua fé?

Sentia-se feliz, no entanto, por ter ao seu lado pessoas que a entendiam e compartilhavam das mesmas dúvidas e anseios. Toda vez que, indagada acerca de sua religião, dizia ser Bruxa, enfrentava o preconceito e as risadas. Mas sabia que apesar de tudo, a felicidade estava na natureza, e em nenhum outro lugar. E enfrentaria o que fosse preciso prá defender a Deusa, afinal de contas, quantas mulheres morreram queimadas por conhecerem as propriedades curativas das ervas, na inquisição? Era injusto com sua memória fugir e se esconder.

As borboletas e as flores pareciam sorrir para ela, agradecendo a homenagem, dizendo-lhe que sua religião era bela e pura, não importava o que dissessem. E ela se sentia privilegiada, por saber que as coisas mais simples eram as mais extraordinárias.

sexta-feira, 11 de março de 2011

As fogueiras sagradas - Parte 1




Já podia sentir o calor da fogueira de Beltane. Não era fácil ser bruxa nos dias de hoje, em meio a uma selva de concreto. Por vezes, Diana desejava ter nascido em outros tempos, em que o pecado não existia, e todos as Deusas eram uma só Deusa e todos os Deuses eram um só Deus. As mulheres ocupavam altas posições, a ponto de estarem acima dos reis, aconselhando-os. Mas preferia não perder-se nestes devaneios, pois o cheiro da terra molhada em que deitava era convidativo às meditações,  fazendo com que estas aflições pequenas se dissipassem.

Apesar de todas as dificuldades, ela tinha conseguido, após anos de prática solitária, encontrar um Coven harmônico, em que sentia-se em casa, entre irmãos. Eram oito, cinco mulheres e três homens. Obviamente, adaptavam os ritos para os dias atuais, sem perder sua essência. O importante era terem com quem conversar sobre as práticas, e reunirem-se para as festividades e os Sabbaths.

Desde pequena, ela tinha a visão. Cantava para a lua cheia, observava e sentia as estações do ano. Enxergava-as como sagradas, assim como os antigos o faziam. Uma vez disseram-lhe em transe, que tinha sido uma poderosa sacerdotisa numa existência anterior, que terminara por confundir a vontade da Deusa com sua própria vontade, tendo ficado cega com o poder. Não sabia ao certo se era verdade, e achava conveniente que não tivéssemos lembranças das vidas anteriores. Mas acreditava que se tinha nascido com o dom da cura, intuição e sensibilidade, deveria ser para canalizá-los da melhor forma possível, e era o que pretendia.

Quando criança, fugira do catecismo. Não conseguia entender a idéia de uma só vida, nem crer em um Deus que não fosse justo, fazendo com que alguns tivessem mais e outros menos ao seu bel prazer, e não pela Lei do Retorno, para a Evolução. Ao mesmo tempo, chorara perante a imagem da Santa Cristã, que representava a Deusa para ela, de alguma forma. Para ela a idéia de que Deus era homem e mulher era tão simples, e não conseguia conceber a ídéia Cristã de que a mulher fosse a razão de todas as desgraças do mundo. Aquilo não fazia o menor sentido, pois a mulher era a fonte de toda a vida.

As pessoas têm uma idéia errada do que é Magia, e as coisas são muito mais simples do que parecem... Independente de ritos ou religião, qualquer pensamento ou ato egoísta que pretenda manipular a vontade do universo é o que podemos chamar de "Magia Negra". Quando alguém anuncia "Trago seu amor em 3 dias", por mais inocente que isso possa parecer não passa de Magia Negra. E tudo tem seu preço. O livre arbítrio é sagrado e também o encontro com o divino através da natureza. 

Deixara todos estes pensamentos fluírem enquanto aguardavam a fogueira ficar da forma ideal para o Rito, com chamas altas. Estavam no alto de uma montanha, as mulheres usavam flores coloridas de odor agradável e forte nos cabelos, todos nus, e encaravam isso com naturalidade, assim como os homens. Chegado o momento, todos reunidos em círculo, pediam aos Deuses que limpassem seus pensamentos de quaisquer impurezas que pudessem atrapalhar aquela celebração de Beltane.

(Continua...)