Já podia sentir o calor da fogueira de Beltane. Não era fácil ser bruxa nos dias de hoje, em meio a uma selva de concreto. Por vezes, Diana desejava ter nascido em outros tempos, em que o pecado não existia, e todos as Deusas eram uma só Deusa e todos os Deuses eram um só Deus. As mulheres ocupavam altas posições, a ponto de estarem acima dos reis, aconselhando-os. Mas preferia não perder-se nestes devaneios, pois o cheiro da terra molhada em que deitava era convidativo às meditações, fazendo com que estas aflições pequenas se dissipassem.
Apesar de todas as dificuldades, ela tinha conseguido, após anos de prática solitária, encontrar um Coven harmônico, em que sentia-se em casa, entre irmãos. Eram oito, cinco mulheres e três homens. Obviamente, adaptavam os ritos para os dias atuais, sem perder sua essência. O importante era terem com quem conversar sobre as práticas, e reunirem-se para as festividades e os Sabbaths.
Desde pequena, ela tinha a visão. Cantava para a lua cheia, observava e sentia as estações do ano. Enxergava-as como sagradas, assim como os antigos o faziam. Uma vez disseram-lhe em transe, que tinha sido uma poderosa sacerdotisa numa existência anterior, que terminara por confundir a vontade da Deusa com sua própria vontade, tendo ficado cega com o poder. Não sabia ao certo se era verdade, e achava conveniente que não tivéssemos lembranças das vidas anteriores. Mas acreditava que se tinha nascido com o dom da cura, intuição e sensibilidade, deveria ser para canalizá-los da melhor forma possível, e era o que pretendia.
Quando criança, fugira do catecismo. Não conseguia entender a idéia de uma só vida, nem crer em um Deus que não fosse justo, fazendo com que alguns tivessem mais e outros menos ao seu bel prazer, e não pela Lei do Retorno, para a Evolução. Ao mesmo tempo, chorara perante a imagem da Santa Cristã, que representava a Deusa para ela, de alguma forma. Para ela a idéia de que Deus era homem e mulher era tão simples, e não conseguia conceber a ídéia Cristã de que a mulher fosse a razão de todas as desgraças do mundo. Aquilo não fazia o menor sentido, pois a mulher era a fonte de toda a vida.
As pessoas têm uma idéia errada do que é Magia, e as coisas são muito mais simples do que parecem... Independente de ritos ou religião, qualquer pensamento ou ato egoísta que pretenda manipular a vontade do universo é o que podemos chamar de "Magia Negra". Quando alguém anuncia "Trago seu amor em 3 dias", por mais inocente que isso possa parecer não passa de Magia Negra. E tudo tem seu preço. O livre arbítrio é sagrado e também o encontro com o divino através da natureza.
Deixara todos estes pensamentos fluírem enquanto aguardavam a fogueira ficar da forma ideal para o Rito, com chamas altas. Estavam no alto de uma montanha, as mulheres usavam flores coloridas de odor agradável e forte nos cabelos, todos nus, e encaravam isso com naturalidade, assim como os homens. Chegado o momento, todos reunidos em círculo, pediam aos Deuses que limpassem seus pensamentos de quaisquer impurezas que pudessem atrapalhar aquela celebração de Beltane.
(Continua...)
Olá!
ResponderExcluirObrigado por sua visita em meu blog.
Não tenho muito conhecimento sobre bruxos no passado ou presente (apenas sobre os de fantasia rsrs), mas achei o seu texto bem escrito e envolvente!
Voltarei para ler a continuação!
=)
Que bom que você gostou Heidi, devo postar a continuação essa semana ;) Seja bem vinda, sempre.
ResponderExcluirFiquei muito surpreso, e acho que você também merece!
ResponderExcluirhttp://fatoseficcao.blogspot.com/2011/03/selo-de-qualidade-eu-como-assim.html
O negócio é o seguinte: Recebi um 'Selo de qualidade' e escolhi o seu blog para receber também...
Então aqui está! Copie-o, poste-o e indique outros blogs de sua alta preferência e que ainda não ganharam. É isto. Beijos!
Das ervas que são utilizadas no rito, a de "malmequer" foi a escolhida por nós...
ResponderExcluirTambém achei a "fogueira" envolvente, como no comentário anterior. Aguardo a continuidade.