terça-feira, 28 de outubro de 2014

"As cartas que eu não mando..."



"Procurava pensar
Que não criar expectativas
Era a melhor forma de não me frustrar.

Mas como viver assim?
Oca como uma arvore seca,
Vazia por dentro.
Sem nada sentir, 
Sem nada esperar?

Sentir o êxtase ao ver um sorriso,
Ao receber um abraço, um afago,
Ou uma simples mensagem,
Uma lembrança.
E fingir indiferença
Fingir que nada aconteceu
E que não dou pulos de alegria por dentro
Só de imaginar que você pensou em mim
Que me deseja,
Me admira e estima.

Dizem que os melhores poemas,
Os melhores escritos
Nascem da dor
Da perda, de um desgosto.

E como exprimir a dor de um amor contido,
Que morreu prematuro?
Que por várias vezes nasceu,
Renasceu e morreu por medo:
Medo de parecer ridículo, patético,
De não ser correspondido.

O que me restava
Era escrever essas cartas pra ninguém
Cartas que nunca seriam enviadas
E nunca seriam lidas
E tentar seguir em frente,
Com vontade de desaparecer no espaço momentaneamente,
Carregando o fardo de um amor que poderia ter sido e não foi".
(Natalia B.)

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